Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro. (C.L.)


Fuce.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

"Lixo Extraordinário" por @alehcaires

O documentário "Lixo Extraordinário" de Vik Muniz, é um retrato de como tudo (se quisermos) pode ser transformado em ARTE, isso claro sem citar os pormenores da desigualdade social, pobreza, falta de saneamento básico e em algumas situações a falta de opção.
Mas retomando o assunto, este filme é uma trajetória real de uma temporada em que Vik ficou alojado aqui no Brasil, seu país nativo, no maior aterro sanitário do mundo, o aterro de "Gramacho", no Rio de Janeiro.
Neste projeto inicialmente maluco e impossível surgiram lindas obras de arte e histórias de Pessoas, acima de tudo.
O mais interessante foi acompanhar a dedicação e habilidade que os catadores adquiriram ao manusearem os materiais recicláveis e transfomá-los em expressão visual e beleza, combinados às fascinantes imagens captadas por Vik!

Os personagens dessas obras são reais minha gente! O longa é verossímil, as situações são cotidianas para os moradores daquele lixão a céu aberto, a apesar de 'assustador' para quem está de fora (literalmente), chega a ser um chacoalhão do tipo "Caramba, e eu aqui reclamando..." saber agradecer as oportunidades que nos são dadas é essencial, lição aprendida, acredite!

Geralmente quando assisto a filmes de qualquer gênero que acredito que possa agregar algo em minha área de atuação, costumo fazer um relatório relacionando o que assisti com alguma característica do meu curso, neste caso, a relação de "Lixo Extraordinário" com a Comunicação / PP são inúmeras, desde a ponte de como para se ter conhecimento não é necessário ser de uma determinada cor, ou pertencer a uma classe social preestabelecida, basta querer!
Exemplo disso é um trecho em que um dos personagens (real, lembre-se) relata seu gosto pela leitura e cita grandes nomes como Da Vinci, Maquiavel e o clássico "O Príncipe", Sun Tzu com "A Arte da Guerra", e tudo isso é fruto sabem do que? De achados em meio ao lixo e detritos!
Impressionante como as pessoas que tem fácil acesso à cultura a atiram pela janela, e às vezes, exatamente nesse sentido, pejorativo ou não, muita gente sabe que a carapuça serve nesse momento...

Mas creio que a relação do filme não acabe por aí, é muito mais do que isso, mostra a ânsia pelo aprendizado, até  a produção de uma bela arte, de uma exposição, de um leilão internacional, enfim, para essa gente tudo isso é muito inspirador e motivante e ver o resultado de tudo isso, o reconhecimento depois desse episódio os fazem perceber que eles têm capacidade suficiente para executarem tarefas que os podem levar muito mais além!

Absorver toda essa bagagem que foi exposta e compreender a abordagem técnica e o pensamento que o artista quer transmitir ao visualizar a imagem imaginada por ele, é muito doido, mas ao mesmo tempo especial!
Apesar de nem todos (ou quase nenhum) serem tão claros quanto a mensagem que querem passar, como é o caso de Jean Michel  Basquiat (procurem saber sobre a vida do cara, é bem interessante) - citado no filme - é bom saber que as percepções variam de espectador para espectador, pois sim, a oportunidade de conferir obras como essas é presenciar um grande e inesquecível espetáculo!

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