Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro. (C.L.)


Fuce.

sábado, 28 de julho de 2012

Na Estrada - por @alehcaires

É bem verdade que eu estava ansiosa para assistir o filme "On the Road" ou "Na Estrada", adaptação do manuscrito "On the Road", de Jack Kerouac.

Desde que conheci a literatura beat, me apaixonei por cada aventura, loucura, coragem e insanidade de cada um dos 'personagens' dessa época.

A obra de Kerouac é aclamada por inúmeros astros e anônimos de gerações passadas e atuais, como por exemplo,  Bob Dylan, que afirmou ter On the Road como seu livro de cabeceira e um grande influenciador em sua vida.

Pra quem não conhece, o "On the Road" nada mais é do que o relato de um jovem escritor norte-americano doido pra conhecer e explorar o mundo, e que conhece uma galera insana o bastante pra fazer essa história render à beça. O livro foi lançado em 1957, apesar de ter sido escrito em 1951. No manuscrito original, os nomes dos personagens são de fato reais: Neal Cassady, Allen Ginsberg, William S. Burroughs e Jack.

Porém, antes de ser publicado oficialmente, o autor precisou fazer algumas alterações, como justamente a menção desses nomes que não poderiam conter na versão final, e outras 'cositas mais'.

A história pode ser resumida naquele velho ditado 'sexo, drogas e rock'n'roll'. Jack, ou melhor, Sal Paradise, Dean Moriarty e Marylou  vivem aventuras fascinantes por Denver, Arizona, São Francisco, Louisiana (...). Alguns outros personagens aparecem menos enfáticos, contudo, não menos importantes.
A benzedrina e o  álcool  são quase protagonistas desse 'grito de liberdade' que significa a obra.

A produção do filme, é do brasileiro Walter Salles (de Central do Brasil), e está realmente muito lindo.
Os direitos de filmagem do longa estavam sob os cuidados do respeitado diretor Francis Ford Coppolla, entretanto, o feito não se concretizou em suas mãos e sim na de seu filho Roman Coppolla, junto ao Salles.

Em termos de produção, fotografia e enredo, o filme está incrível,  e as locações são impecáveis. Os atores escolhidos foram ótimos e super convincentes e entrosados em seus papéis.
Uma surpresa feliz foi a interpretação de Kristen Stewart - como Marylou; e o restante do elenco também: Sam Riley - como Sal,  Garreth Hedlund - como Dean, e Alice Braga - como a mexicana, Terry, além de Kirsten Dunst, Vigo Mortesen e Amy Adans.

O roteiro teve que ser bem fragmentado, não teve jeito. Como já era de se esperar, o filme tem a duração de 2h20, bem longo para um circuito comercial, e assim mesmo não teve como todo o conteúdo entrar na edição. Li algumas matérias em que Salles declarou pesaroso o corte de muitas cenas que não tiveram espaço e tempo para serem exibidas. Mas prometeu que quando sair em DVD, os extras serão recheados (vamos esperar)!

Gostei bastante do longa, recomendo às pessoas que leram o livro e/ou que conhecem a literatura. Para os 'curiosos', indico que leiam antes, pra não saírem dizendo que não curtiram. O retrato está bem fiel e algumas cenas foram exatamente como eu imaginei - principalmente a reprodução do puteiro mexicano!

Acredito que todos que tiveram participação nesse filme, devem ter se sentido vivendo aquele momento, aquela época, a quebra de barreiras, as infrações, a adrenalina, a intensidade  e loucura.


Afinal, de um jeito ou de outro, seja nos anos 50, 60 ou 2000, a juventude tem os mesmos anseios:

"Queremos tudo ao mesmo tempo"

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Para Roma Com Amor - por @alehcaires


Nossa, faz tempo que não escrevo sobre filmes aqui no blog.

Aliás, ando um tanto quanto displicente em matéria de atenção ao meu 'filhinho'. Mas isso vai mudar. Promessa!


Há algumas semanas fui com minha amiga Dani assistir ao último filme produzido e dirigido pelo Woody Allen: Para Roma, Com Amor.

Minhas impressões sobre o filme são um pouco suspeitas, pois, eu adoro esse diretor, mas vou tentar ser imparcial e opinar como uma espectadora mais analítica do que fã.

Pra começo de conversa, o elenco dessa trama é uma coisa de louco de tão sensacional!

E isso me leva a crer que exatamente por esse motivo, eu esperava  mais.

Penélope Cruz, a queridinha de Almodóvar (de A Pele Que Habito), combinou muito com o papel, mas ainda acho que o talento dela é maior do que o papel. Na trama, ela é uma prostituta, que é paga para se deitar com um determinado cara, porém, entra no quarto de um homem casado e que espera visitas importantes, ou seja, ela erra o quarto e a partir daí começa uma confusão danada.

Já a Ellen Page (de Juno), não tem muito sal nem açúcar. Não acho que ela seja má atriz, mas também não a acho tão esplêndida a ponto de arrancar elogios gratuitos. Ela cumpriu o script. Ponto. O papel dela pode ser caracterizado como 'sou irresistivelmente inteligente, pseudo-intelectual, e pra finalizar: FAKE'. Na verdade, o papel que ela representa é justamente tudo o que abomino em uma pessoa: fingir ser algo que não é.

Jesse Eisenberg (de A Rede Social) interpreta um estudante de arquitetura, que encontra-se com si próprio, só que no futuro. Namora com uma garota legal, mas se depara com a mocinha aí de cima: a irresistivelmente inteligente (...), e não vou mais falar sobre essa parte, pra não perder a graça pra quem pretende assistir. É, não dá pra entender direito lendo, mas é mais ou menos por aí.

Agora, o que mais me decepcionou, foi o papel designado ao Roberto Benigni (de A Vida é Bela). Foi o personagem que teve o enredo mais 'perdido' - se assim posso dizer - da história como um todo. O cara é um puta artista, e merecia ter tido um destaque mais solene. Leopoldo Pisanello, essa é a identidade de Benigni no longa. É um cara comum, que trabalha em um escritório comum, que tem uma família comum, uma vida pacata, e só. Repentinamente transforma-se em uma celebridade, assim, instantaneamente, sem pé nem cabeça, sem motivo mesmo. E só. Mais nada. Ficou meio vago, em minha humilde opinião.

"Para Roma, Com Amor", é uma salada de histórias paralelas, que não se interligam, não se fundem. Fora essas que mencionei, ainda há uma outra parte da trama, a que Allen atua, que é mais ou menos assim: a mocinha vai passar férias em Roma, se apaixona, decide casar, chama os pais para conhecerem a família do noivo. O pai do noivo é um cantor-amador-de-ópera-enquanto-toma-banho, e o pai da noiva quer lucrar com a situação; a partir daí, ele organiza eventos um tanto quanto inusitados, onde o cara canta ópera em lugares chiquérrimos, só que no chuveiro.

As histórias do filme são daquelas cheias de humor e acidez, típicas de roteiros do Allen, mas senti um certo 'vazio'. Apesar da mensagem parcialmente implícita que questiona a política; o capitalismo; a traição; a banalização da fama, como é repentina e por coisa alguma (e como é passageira) - tudo de um jeitinho bem cômico -, acho que faltou um certo 'tempero'.

Depois de "Tudo Pode Dar Certo (Whatever Works)" e "Meia-noite em Paris", respectivamente, esperava ver em "Para Roma Com Amor" algo mais cativante.

Mas confesso que dei boas gargalhadas com o filme, porque Allen é Allen (e eu sou fã, droga! Não consigo só falar mal).

No geral, a locação é linda, as ruelas por onde os personagens passam são charmosíssimas, os pontos turísticos de Roma são incríveis, e os atores são ótimos.

E recomendo. Sim, recomendo.

Porque opiniões são diferentes umas das outras, e essa é só uma visão, a minha visão.