Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro. (C.L.)


Fuce.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Primitivos da tecnologia.

Estive pensando o quão primitivos nós já fomos e por algum motivo não conseguimos mais nos adaptar a situações que julgamos adversas e 'fora do comum'.

Hoje meu post (mais uma vez) é reflexivo, é uma indignação contra eu mesma, veja só, há onze anos atrás quando eu era uma garotinha ingênua com meus dez anos de idade, era muito fácil sobreviver sem internet em casa, aliás, sem um computador (que era um trambolho, diga-se de passagem).

Era muito simples 'ser criança' e o máximo que eu tinha que ter para ficar igual às minha amiguinhas (o tal do 'ser aceito') era aquele tênis super legal, o tererê no cabelo e a Barbie do momento.
Eu não precisava parecer adulta, nem me emperequetar de maquiagem, nem fazer escova nos cabelos, eu era feliz com meu conjunto de moleton, meu 'penteado' descabelado e com meus tazos que vinham no salgadinho!
Era feliz com meu bichinho virtual, com meu mini-game - isso era o máximo de tecnologia que prendia minha atenção - e o que eu mais esperarava ao chegar em casa era poder assistir "Pokemon"!

Eu não precisava 'fingir'ou realmente crescer fora da ordem natural, não precisava me enfurnar no quarto e passar horas conectada (como faço hoje), e nem pensava nisso!

Disse no início que já fomos primitivos, certo?
Acho que mudei de opinião (posso?).

Primitivos somos agora, dependentes de máquinas, submissos à parafernalhas elétricas, sujeitos a 'parar' devido a alguma possível falha em algum equipamento.

Já não nos esforçamos sozinhos. temos auxílio.
Já não é mais hábito lermos livros, irmos à biblioteca, visitarmos museus...

Presenteamos as crianças com os vícios high tech, os 'mimos' estão cada vez mais avançados em todos os quesitos e os pequenos cada vez mais exigentes.
Estamos nos tornando uma sociedade robotizada, tudo é otimizado, automático, inteligente, tão capazes e espertos que quem sofre as consequências somos nós, homens modernos, contemporâneos que (achamos) que somos. Temos ajuda para tudo, isso se o 'bicho' não o faz para nós, para poupar o nosso tempo, nosso raciocínio, nosso esforço.

Isso não é uma crítica destrutiva ou contra a tecnologia, é uma 'rubrica', sim, um visto sobre minha impressão a respeito da evolução que passou diante dos meus olhos durante as décadas em que vivi, nasci nos anos 80, aproveitei minha infância nos anos 90 e cá estou nos anos 2000, que coisa maluca!

Eu faço parte dos 'alienados' pela tecnologia (é a realidade), pela modernidade. Um dia sem computador e eu SURTO (acreditem).

Não tem mais o "Pokemon" depois do almoço e quando chego em casa não é mais do colégio.
Acordo cedo porque tenho que trabalhar, durmo tarde porque tenho que estudar, as amizades ficam em sua maioria atrás de uma tela e é por intermédio de fotos e mensagens que me comunico com meus queridos.
Não ouço a voz de alguns há anos, não vejo pessoalmente mais alguns (incontáveis), mas é nesse mundo que eu (e muito mais pessoas do que eu possa imaginar) vivo!
É um universo lúdico e paralelo onde é possível prever com quem 'quero' encontrar, se quero responder o 'oi' de alguém, ou se finjo ignorar pois, "estou muito cansada agora para conversar".

É meu bem, ausente, disponível, volto logo, em horário de almoço, são status frequentes e indispensáveis no cotidiano de gente a perder de vista.
Nos tornamos pequenos seres manipuláveis de uma Revolução Industrial em constante renovação e assim vamos vivendo, espero que daqui há alguns anos as crianças nasçam crianças mesmo, de carne, pele e osso, tenho medo de gerar uma 'máquina'.

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